Câmara de Rio Grande da Serra vira palco de protesto turbulento por reajuste salarial

Rio Grande da Serra, 15/05/2025.

Sessão é interrompida após manifestantes exaltados, com narizes de palhaço e cartazes, pressionarem por aumento maior que 4%; votação adiada para segunda-feira.

A Câmara Municipal de Rio Grande da Serra virou um cenário de caos na tarde desta terça-feira (14), quando servidores públicos municipais, incluindo professores, lotaram o plenário para protestar contra o reajuste salarial de apenas 4% proposto pela prefeitura. Com cartazes, perucas coloridas e narizes de palhaço, os manifestantes transformaram a sessão em um ato de revolta, com vaias, gritos de “10% é justo!” e xingamentos que dificultaram a condução dos trabalhos pelo presidente da Casa, Clauricio Bento.


Os servidores, organizados pelo Sindicato (SSPMRGS), exigem:

  • Reajuste de 10% (recomposição inflacionária + aumento real);
  • Vale-alimentação de R$ 400 para todos sem limite de faixa salarial (contra R$ 300 atual para quem ganha até R$ 2,1 mil);
  • Pagamento de horas extras atrasadas e insalubridade para profissionais da saúde (como enfermeiros e motoristas de ambulância);
  • Equiparação salarial com cidades vizinhas, como São Bernardo do Campo.

A prefeitura, porém, alega limitações orçamentárias e ofereceu:

  • 4% de aumento (2% agora + 2% em novembro);
  • R$ 300 em vale-alimentação para quem ganha até R$ 2,1 mil (antes limitado a salários de até R$ 1,8 mil).

Tensão e Adiamento
Com o plenário em clima de “algazarra” — como descreveram espectadores —, o presidente Claurício Bento aos 53 minutos do inicio da sessão, interrompeu a votação e pediu a suspensão da sessão por 20 minutos para dialogar com o vereadores sobre o projeto de reajuste e conter os ânimos e evitar maior tumulto. “Precisamos analisar o impacto fiscal com o secretário de Finanças”, justificou, marcando nova discussão para segunda-feira (19), às 10h. A decisão acirrou os ânimos: “Isso é enrolação!”, gritou uma servidora, enquanto outros batiam os pés no chão.


Fontes da prefeitura destacam que apenas Rio Grande e Santo André foram os únicos municípios a oferecer neste momento o reajuste em 2025, citando cidades como Ribeirão Pires (sem reajuste) e São Paulo (greve por 44%). Já os manifestantes acusam: “Comissionados têm benefícios, e nossa categoria é esquecida”, disse uma professora, referindo-se aos descontos no salário baseados no piso federal, mas não repassados integralmente.


Os manifestantes ameaçaram intensificar protestos se a proposta não for melhorada até segunda-feira. Enquanto isso, as imagens dos servidores com narizes de palhaço e cartazes ironizando a “proposta” do governo viralizam nas redes sociais. A prefeitura reiterou “abertura ao diálogo”, mas o clima é de impasse: “Ou corrigem essa injustiça, ou a cidade para”, alertou um servidor!