Rio Grande da Serra, 12/05/2025
Na noite desta segunda-feira (12), um episódio envolvendo a Polícia Militar gerou revolta e tristeza entre moradores de Rio Grande da Serra. Durante o velório de um jovem motoboy que faleceu tragicamente em um acidente de trânsito, uma operação policial resultou na apreensão de mais de 10 motocicletas nas imediações da cerimônia, realizada na avenida Dom Pedro I.
Segundo relatos de testemunhas e moradores da região, os policiais teriam agido de forma truculenta e insensível, ao invadir o perímetro onde amigos e familiares se despediam do ente querido. A presença de pelo menos seis viaturas e um caminhão guincho causou ainda mais indignação, especialmente entre os motoboys que estavam no local para prestar suas últimas homenagens.
A versão oficial da Polícia Militar é de que alguns motociclistas estariam aproveitando o momento para realizar manobras perigosas, empinar motos e gerar barulho com escapamentos adulterados — o que teria motivado a ação. No entanto, moradores da rua e pessoas presentes no velório contestam essa versão. “Não houve algazarra nem desrespeito. Todos estavam ali em silêncio, em luto. Eles usaram isso como desculpa pra intimidar os motoboys”, relatou um morador que preferiu não se identificar.
As motocicletas, segundo a polícia, foram recolhidas por apresentarem irregularidades como falta de placas e documentação vencida. Ainda assim, a abordagem no momento do velório foi vista por muitos como desnecessária e desrespeitosa. “Não estamos contra a fiscalização, mas sim contra a falta de sensibilidade. O velório era um momento de dor, e eles usaram de força como se estivessem lidando com criminosos”, disse um motoboy que presenciou a ação.
A comoção foi ainda maior porque a vítima era bastante conhecida na região, assim como outro colega que também faleceu no mesmo acidente. Ambos eram descritos como trabalhadores honestos e queridos na comunidade. Muitos presentes lamentaram o que consideraram um “abuso de poder” e pediram mais empatia das autoridades com os profissionais de entrega, que frequentemente enfrentam perigos nas ruas e têm seus direitos negligenciados.
O episódio reacende o debate sobre o tratamento dispensado aos motoboys nas cidades e a forma como operações policiais são conduzidas em momentos de dor coletiva. A população agora espera uma resposta das autoridades e cobra respeito com quem só queria se despedir de um amigo.